De Repente trinta e seis: Poeta Valdir Teles comemora 60 anos de idade e 36 anos de viola

A Chácara do Poeta no Sítio Serrinha, localizado na zona rural de São José do Egito(PE), ficou pequena no ultimo domingo (19), para receber uma constelação de estrelas do universo da cantoria e da poesia popular e comemorar os 60 anos de idade e 36 anos de carreira do Poeta, Compositor e Cantor  paraibano Valdir Teles.  

Valdir Teles é poeta repentista dos mais consagrados da poesia popular nordestina. Nasceu em Livramento, Cariri paraibano mas foi levado ainda recém nascido para São José do Egito, sertão do Pajeú pernambucano, onde recebeu forte influência da cultura local e teve o primeiro contato com a cantoria de viola. 

Valdir Teles ficou órfão de pai aos 11 anos e como filho mais velho, desde cedo assumiu a responsabilidade de sustentar a mãe e os 4 irmãos, trabalhando como agricultor até os 19 anos, quando resolveu sair do sertão pra tentar a profissão de "operário de firma" na Bahia, chegando ainda a trabalhar em Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso e fazendo bico como retratista nas horas vagas, durante o período que morou na Bahia. Anos mais tarde, o poeta traduziu em versos parte da infância.



Pai vinha de São José
Com uma bolsa na mão
Minha mãe abria a bolsa
Me dava a banda de um pão
Porque se desse o pão todo
Faltava pro meu irmão

Valdir Teles

Em 1979 regressou ao sertão pernambucano quando em uma cantoria da dupla Sebastião da Silva e Moacir Laurentino no Sítio Grossos em São José do Egito,  foi apresentado aos poetas pelo Mestre das Artes e Poeta Zé de Cazuza, onde teve a oportunidade de mostrar seus dotes poéticos sendo de imediato convidado para apresentar um programa de viola numa rádio da cidade de Patos.



A partir de 1979, quando fixa residência em Patos, inicia a trajetória poética que já se anunciava de grande dimensão para a cultura popular nordestina. Os anos vindouros marcaram a gravação do seu primeiro LP com o poeta Lúcio da Silva pela gravadora Chantecler, a popularização dos maiores programas do gênero, em emissoras como a Rádio Panati e a Rádio Espinharas de Patos, a participação nos grandes eventos da cantoria e o destaque nos congressos e festivais. 

Em 1993 Valdir Teles muda-se para Tuparetama, cidade vizinha a São José do Egito e também situada no alto sertão do Pajéu, região internacionalmente conhecida como a Grécia dos cantadores e o reino imortal da poesia. 

É Tuparetama destino de todo regresso de Valdir. Apaixonado pelas raízes do pé de serra e fã incondicional de Luiz Gonzaga e Lampião, Valdir trouxe para sua atividade artística reflexos do forró, gravando cinco cds do gênero e se destacando no vaneirão improvisado, que por hobbie divide os estúdios e os pés de parede das comemorações familiares com o grande amigo e irmão Delmiro Barros, celebrado cantor pernambucano. 



Com admirável acesso no meio artístico, Valdir traz em seu rol de confrades, artistas como Maciel Melo, Alcymar Monteiro, Chiquinho de Belém, Santana, Flávio José, Flávio Leandro, Galego Aboiador, Nico Batista, Amazam, Bia Marinho, Val Patriota e Raimundo Fagner. 

Seja nos palcos ou sentado num tamborete nas cantorias de pé de parede, Valdir  já cantou em dupla com os maiores nomes do universo da poesia popular a exemplo de Louro Branco, Ivanildo Vila Nova, Sebastião Dias, Sebastião da Silva, Zé Viola, Geraldo Amâncio e Zé Cardoso.

Com mais de 500 troféus de primeiros e segundos lugares, uma turnê pela Europa com Ivanildo Vila Nova, outra pelo norte do país até a Bolívia, Valdir é reconhecido e mencionado em tudo que envolva os grandes nomes da viola. Com mais de 50 cds e dvds no mercado chega aos 60 anos de idade em 2015 comemorando uma trajetória de sucesso e luta pela sobrevivência de uma das mais autênticas expressões da cultura nordestina: A Poesia popular.



Eu não posso negar que sou feliz
Carregando a viola em minha mão
A viola levou-me até Milão,
Antuérpia, Bruxelas e Paris.
Fiz primeiro uma base em meu País
Pra depois pelo mundo viajar
Meu estoque de glórias não tem par
Meu sucesso rompeu Brasil a fora
"Do começo da arte até agora
Tenho muitas estórias pra contar"

Valdir Teles


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