Ex-funcionários da TAM denunciam gerentes do Recife por assédio

Acontece nesta quinta-feira (27) uma reunião entre o Sindicato dos Aeroviários de Pernambuco e os funcionários e ex-funcionários da TAM Linhas Aéreas que estão acusando gerentes e supervisores da empresa no Recife de assédio moral e sexual. 

As denúncias foram feitas através do canal de ética da companhia, ferramenta na qual os funcionários podem deixar relatos sobre problemas enfrentados no trabalho. Na última terça-feira (25), o Sindicato encaminhou as denúncias ao Ministério Público do Trabalho.

Em nota, a TAM informou que vai apurar os fatos e prestar esclarecimentos às autoridades, caso seja comunicada oficialmente do caso. Além disso, a empresa negou a demissão de funcionários provocada por vazamento de denúncias feitas ao canal de ética, uma vez que a ferramente é administrada por uma empresa terceirizada justamente para que não ocorra a quebra de sigilo(veja nota na íntegra ao final da reportagem).

Em entrevista ao G1, um ex-funcionário da TAM que pediu para não ser identificado afirmou que "o gerente [do aeroporto do Recife] já bateu em funcionários, desatava [abria] o sutiã de algumas colegas, passava a mão, pedia para sentar no colo ou sentava mesmo. Isso era feito por ele e alguns dos supervisores também". De acordo com o homem, ele foi demitido após ter denunciado o abuso que ele e outros empregados sofriam.

"É um grupo de mais de 30 pessoas que está engajada nessa história. Temos um processo no Ministério Público, em segredo de Justiça. São casos de assédio sexual, intolerância religiosa, abuso de poder e homofobia, com este último sendo o mais recorrente", disse o denunciante.

Mais denúncias
Os dois principais acusados pelo grupo são o atual gerente do aeroporto do Recife e o antigo funcionário a ocupar esse cargo, que hoje é gerente de aeroporto no Rio de Janeiro. "Mas eles não agiam sós. Alguns supervisores também abusavam das pessoas, mas com certeza esses dois gerentes eram os principais. Tudo ficou pior quando resolvemos denunciar essas agressões. Começamos a ser perseguidos e, então, desligados da empresa", conta o ex-funcionário.

Uma pessoa do setor de recursos humanos (RH) da companhia, que recebeu as denúncias e as encaminhou para a diretoria, foi demitida em 18 de fevereiro deste ano. "Fui o primeiro a ser afastado e olhe que nem era testemunha ou estava denunciando. Fiz apenas o meu trabalho, que era encaminhar esses relatos para São Paulo. Desde o começo não estão tratando isso da maneira certa", opinou, em entrevista ao G1.

Ainda segundo ele, no início deste ano, uma gerente de São Paulo veio para o Recife, fazer o que eles chamam de "grupo focal". "Ou seja, entrevistar as pessoas que sofreram os abusos para falar sobre o que houve. Mas isso não foi feito de forma ética, pois quem estava sendo denunciado, o gerente do aeroporto do Recife, estava presente e a mulher de São Paulo ficava fazendo brincadeiras com ele, rindo dos relatos dos funcionários. Assim os empregados se sentiram expostos e ficaram com medo de falar".

"Foram demitidas até agora 11 pessoas, desde o começo do ano, quando as informações sobre as denúncias começaram a vazar. Acho que outros ainda serão demitidos. Tem gente que está afastada, com problemas de saúde por causa dos abusos que sofria. Tem uma menina que até hoje está tomando remédio por causa do que sofreu."

Histórico do caso
Em 2006, funcionários da TAM no Recife usaram o canal de ética da empresa para relatar episódios no qual o gerente do aeroporto do Recife estaria cometendo abusos contra os funcionários. De acordo com os denunciantes, houve uma quebra de sigilo, pois após o repasse das informações, eles começaram a ser perseguidos pelo gerente em questão.

Sem receber uma resposta satisfatória, os empregados resolveram falar diretamente com o setor de RH, que entrou em contato com o Departamento Jurídico da companhia e pediu aos funcionários ao menos duas testemunhas para cada um dos casos de abuso.

Depois de reunir este grupo, eles prestaram depoimento e as pessoas do RH do Recife encaminharam o caso para São Paulo. "Fizemos a primeira denúncia formal, em grupo, em 23 de janeiro. Foi então que a chefia mandou uma gerente para Pernambuco e ela fez o grupo focal", explicou o ex-funcionário do RH da TAM.

Veja a íntegra da nota oficial divulgada pela TAM:

"A TAM informa que o seu canal de ética tem caráter sigiloso e é gerenciado por uma empresa externa, justamente para garantir a imparcialidade das informações e ao mesmo tempo assegurar a confidencialidade. Por estes motivos, a empresa garante que não houve vazamento de dados confiados a este canal e que portanto, nega qualquer desligamento de funcionário motivado por este tema.

A TAM informa que irá apurar os fatos e prestará esclarecimento às autoridades envolvidas, caso seja comunicada oficialmente."
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