Pesquisa apresentada aos deputados da Comissão de Educação da Câmara pelo movimento Todos pela Educação concluiu que metade das crianças de 8 e 9 anos que estudam em escolas públicas do país não está alfabetizada.
Isso significa que cerca de 1 milhão de crianças do ensino fundamental não está com nível de aprendizagem considerada suficiente em leitura, escrita e matemática.
A conclusão teve como base os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização, a ANA, uma prova aplicada no ano passado para 2 milhões e 100 mil alunos da terceira série de 48 mil escolas públicas.
A pesquisa apontou que menos da metade das crianças, 45%, tem desempenho suficiente em leitura e matemática. O índice é um pouco melhor em escrita, com 66%.
Mas metade delas não conseguiu calcular, por exemplo, quanto é 112 + 93.
Para Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do movimento Todos pela Educação, o resultado mostra o fracasso do ensino brasileiro:
"Acho que todos concordam do fracasso que foram os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização, que apontaram que metade dos nossos alunos não estão alfabetizados com 8 ou 9 anos. Acho que isso é um consenso, o resultado é um fracasso, é desanimador, avanços ínfimos entre a edição de 2014 e 2016."
A pesquisa constatou ainda desigualdades provocadas pela diferença de renda. Escolas públicas localizadas em regiões de nível econômico baixo só conseguem ensinar matemática para 14% dos alunos. Em regiões de padrão econômico alto, o índice sobe para 88%.
Os membros da comissão apontaram fatores que explicariam os resultados. Para o deputado Ságuas Moraes, do PT do Mato Grosso, é preciso mais investimentos públicos para que o Brasil atinja as metas do Plano Nacional de Educação, o PNE:
"O governo reconhece essas políticas estabelecidas, mas não tem se esforçado no sentido de cumpri-las, ao ponto de o governo congelar os investimentos públicos por 20 anos e aí dentro deste congelamento estão saúde, educação, segurança pública e outros tipos de investimentos mais que possam gerar emprego e renda neste país."
Já a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende, do Democratas de Tocantins, apontou que a gestão dos recursos e de pessoal também explica os resultados. Ela disse ainda que as universidades não estão preparando professores da educação fundamental:
"Percebo também uma ausência de uma política direcionada nas universidades e faculdades de formação de professores. Se você olhar os currículos de formação, eles não trabalham para preparar o aluno para trabalhar com alfabetização."
O Movimento Todos pela Educação apontou um caso de sucesso na educação básica: o estado do Ceará, que conseguiu reverter nos últimos dez anos o analfabetismo das crianças e hoje tem 100 escolas entre as melhores do país.
Segundo a pesquisa, isso foi obtido graças à cooperação do governo do estado com os municípios; formação de professores; destinação de parcela da arrecadação do ICMS para a educação básica; e, principalmente, pela continuidade das políticas mesmo com mudanças no governo.
Reportagem - Antonio Vital
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