Sete coisas que você precisa saber para entender o suicídio



Especialistas contam  sobre como perceber sinais de alerta e obter ajuda. 


1. Certos fatores de risco são comuns entre as pessoas que cometem suicídio. 

O mais predominante são doenças mentais. "Cerca de 60% das pessoas que cometem suicídio têm depressão. Outro diagnóstico comum é alcoolismo e abuso de drogas", diz Susan G. Kornstein, professora de psiquiatria e diretora-executiva do Institute for Women's Health, na Virginia Commonwealth University (EUA). O suicídio também é mais comum entre homens do que mulheres; quase quatro vezes mais homens do que mulheres tiram suas vidas, apesar de um número maior de tentativas de suicídio ocorrer entre mulheres. Kornstein atribui isso à tendência de os homens utilizarem métodos letais e à relutância deles em buscar ajuda profissional para a depressão. Outros fatores incluem histórico familiar de suicídio, acesso a meios letais, perda de um ente querido, distúrbios alimentares, violência, desemprego, isolamento social, doença prolongada e tentativas anteriores de suicídio. 


 2. Muitas pessoas que consideram se suicidar dão alertas. 


 Às vezes, é uma mudança no comportamento ou na rotina. "A pessoa pode começar a se isolar ou a perder o interesse em atividades que gosta", diz Scott Krakower, psiquiatra infantil e juvenil no Zucker Hillside Hospital (EUA). Essa mudança pode significar um aumento de comportamento arriscado ou imprudente, de acordo com Kornstein, incluindo abuso de álcool e/ou drogas. Pode haver mudanças de humor reconhecíveis e dramáticas, como agitação e raiva mais volátil. Às vezes, a pessoa se preparará, doando pertences a amigos e familiares. Esses sinais também são aparentes na conversa. Ele(a) mencionou se sentir aprisionado; expressou desesperança? De acordo com David Brent, professor de psiquiatria e pesquisador na Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh (EUA), uma pessoa que corre o risco de cometer suicídio pode se fixar em sua morte ou fazer comentários sobre ser "um fardo" para aqueles ao seu redor. 

 3. Falar abertamente com um ente querido sobre suicídio diminui o risco — não o contrário.


Não fique com medo de levantar o tópico com alguém que você tema estar pensando em suicídio. "Um mito comum é que falar sobre suicídio pode 'plantar a semente' e fazer com que o suicídio seja mais provável", diz Kornstein. "Isso não é verdade! Na verdade, ao levantar o tópico, você pode ajudar a salvar a vida da pessoa." Reconheça sua preocupação, mostre seu apoio, ouça sem julgar e depois discuta sobre todas as opções. "A maioria das pessoas que são suicidas não querem morrer — elas apenas querem acabar com suas dores, e elas não conseguem ver alternativas para seus problemas." 

 4. Mas o melhor caminho para ajudar alguém que você suspeita que esteja querendo se suicidar é levá-lo(a) a um médico.


  Uma conversa aberta e franca é sempre um bom lugar para começar — e Kornstein enfatiza a importância de conversar "aberta e livremente sobre suicídio" — mas, geralmente, a melhor coisa que uma pessoa pode fazer é levar seu ente querido a um médico. "Muitas famílias e muitos amigos sentem como se estivessem 'traindo' seu ente querido, mas, na maioria das vezes, os amigos e a família não podem ajudar a pessoa e correm o risco de fazer com que ela cometa suicídio", diz Ayesha Ashai, psiquiatra no Mercy Medical Center, em Baltimore (EUA). "A melhor coisa a fazer é continuar apoiando a pessoa – depois de notificar um profissional médico – e se manter presente, mesmo que a pessoa esteja indignada por ter sido levada a um hospital, psiquiatra etc. Saber que você não está sozinho e que sua família e seus amigos ainda amam você podem fazer um mundo de diferença na recuperação."



5. O tratamento pode ocorrer de várias formas. 


 Assim como os fatores que levam ao suicídio são variados, os métodos de recuperação também são. A psiquiatra Carole Lieberman, do Instituto de Neuropsiquiatria da UCLA (EUA), explica que há uma falta real de conhecimento sobre como é o tratamento. "O tratamento pode consistir de psicoterapia, medicação (antidepressivos, em grande parte) e hospitalização caso estejam presentes pensamentos ou planos suicidas iminentes", diz ela. "Mas só antidepressivos não podem curar a depressão ou pensamentos suicidas." 


 6. A forma com que falamos sobre o suicídio importa.

 Notícias sobre o suicídio às vezes podem aumentar a possibilidade de outras pessoas se suicidarem. Isso é chamado de "suicídio por contágio" e significa que os debates públicos acerca do suicídio precisam ser abordados com extremo cuidado. "Às vezes, a cobertura da mídia pode incentivar o suicídio por contágio ao glorificar o suicídio em si", diz Kornstein. "Isso pode, ao contrário, ser evitado focando nos sinais de comportamento suicida, os fatores que podem ter levado ao suicídio – como doenças mentais –, formas de prevenir o suicídio e onde obter ajuda." O National Institute of Mental Health, dos EUA, recomenda evitar imagens fortes, manchetes sensacionalistas ou descrições explícitas de casos de suicídio em reportagens. 

 7. É possível prevenir o suicídio. 

 Para aqueles que experimentam qualquer um dos fatores de risco comuns — e aqueles ao seu redor — o medo frequente é de que o suicídio é uma luta contínua e que leva à derrota. Mas não é o caso. Brent diz: "O suicídio não é inevitável. Muitos suicídios podem ser prevenidos. A maioria das pessoas que cometem suicídio têm o desejo de viver e de morrer; precisamos ajudar a fortalecer o desejo de viver". Além disso, segundo Ashai, a vida após o tratamento pode ser incrivelmente proveitosa e positiva. "Uma tentativa anterior de suicídio não é uma sentença de morte, a certeza de um futuro infeliz", diz ela. "A melhor esperança para um futuro melhor é criar habilidades positivas para lidar com as coisas, saber quando pedir ajuda, ter apoio social, ter alguém em quem você possa confiar e que possa estar presente na hora em que precisar e também encontrar um propósito para a vida." Aqueles que estão lutando contra ideias suicidas devem contar com a ajuda de amigos e familiares confiáveis e estender a mão a qualquer um dos recursos à disposição. Kornstein recomenda agências comunitárias de saúde mental, psiquiatras particulares, clínicos gerais, conselheiros escolares, líderes religiosos ou linhas telefônicas de intervenção. No Brasil, você pode entrar em contato com o CVV pelo número 141, por chat, Skype, e-mail ou presencialmente. 
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