Postagem sobre assédio encoraja mulheres vítimas de abuso a denunciar suspeito à polícia na PB


Denúncia feita por jovem após assédio no Centro Histórico de João Pessoa repercutiu nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook.com/yasmin.formiga.39)

Uma postagem nas redes sociais denunciando uma postura machista e um assédio acabou resultando em uma série de relatos contra o mesmo suspeito e encorajando duas denúncias na polícia. Yasmin Formiga relatou no seu perfil no Facebook o tratamento abusivo de um rapaz no Centro Histórico de João Pessoa. Em pouco tempo, várias mulheres responderam à postagem reportando abusos sexuais e assédios implicados pelo mesmo homem.
A postagem foi feita pela jovem no dia 17 de setembro. No dia seguinte, Yasmin Formiga, encorajada pelos relatos das outras mulheres vítimas do mesmo suspeito de agressão, formalizou uma denúncia na Delegacia da Mulher de João Pessoa. Amália Lira, uma das mulheres que relatou um outro caso de abuso na postagem também foi até a delegacia e denunciou o mesmo suspeito por um outro caso.
“Eu fiquei muito triste por saber que ele estava esse tempo todo fazendo isso e ninguém tomava nenhuma providência. Fazia muito tempo, tem casos de 2006, 2010, mas os amigos dele continuavam dizendo que era brincadeira. A família não tomou nenhuma providência sobre isso. Quando eu decidi expor isso e denunciar, me senti segura porque senti que estava fazendo isso para que, de alguma forma, ele parasse. Porque tenho muitas amigas e tem outras mulheres de João Pessoa sofrendo com ele”, disse Yasmin.
No abuso relatado por Yasmin, o suspeito debochou em voz alta do seu cabelo e usou palavras ofensivas após ela se recusar a ficar perto dele. De acordo com a postagem feita pela jovem, o homem chegou a ridicularizar seu corpo e comentar que ela não era nada. A situação foi vivida no Centro Histórico, ponto de encontro de jovens, onde bandas locais se apresentam em casas de shows e na praça Antenor Navarro.
“Foi horrível, nunca fui desrespeitada em público só por dizer um não. Fiquei impotente, sem fala, desejando uma força, até que eu desabei, chorei em público por causa de uma situação nojenta. Sabe o que eu me senti? Um lixo”, relatou Yasmin na sua postagem no Facebook.
Revoltada, Yasmin Formiga explica que “não é não” e que as pessoas precisam parar de “passar a mão na cabeça” do suspeito, tendo em vista que ele é conhecido pelas pessoas como alguém que tem distúrbios mentais. “Ele pode ter o que for, mas não tem o direito de me desrespeitar (não só a mim) dessa maneira”, finaliza em sua postagem.
As denúncias
Sem imaginar a repercussão, Yasmin Formiga acabou encorajando outras meninas a relatar situações parecidas, ou até piores, vividas com o mesmo suspeito de agressão. Momentos traumatizantes como os vividos por Amália Lira. Na denúncia formalizada na Delegacia da Mulher, a jovem contou que por três momentos foi vítima de assédio sexual por parte do suspeito. Segundo Yasmin, além de Amália, outras mulheres devem fazer novas denúncias - motivadas pela postagem - na semana seguinte.
“Ele faz isso com quase todo mundo. Eu não ia fazer a denúncia sobre o meu caso, mas quando eu vi que muitas mulheres também poderiam sofrer o que ele fez comigo e com Yasmin, optei por denunciar. Vi que não estava sozinha e que ele tinha que pagar pelo que fez”, disse Amália.

O que diz a polícia

Helena Vilela, delegada adjunta da Mulher de João Pessoa, responsável por ouvir as duas mulheres, comentou que o suspeito nos dois casos foi localizado e a Polícia Civil neste momento ouve testemunhas para seguir com os inquéritos. Após colher os depoimentos de testemunhas e amigos dos envolvidos, o suspeito em questão vai prestar as suas versões dos fatos.
De acordo com a delegada no caso de Yasmin, o suspeito pode ser indiciado por injúria, tentativa de lesão corporal e perturbação da tranquilidade, considerado crimes mais leves e uma contravenção. A denúncia feita por Amália, por sua vez, é mais grave. Inicialmente foi enquadrada como estupro, mas a delega explicou que precisa de mais indícios para a tipificação e que por isso, a princípio, pode indiciar o suspeito por violação sexual mediante fraude.
“Foram relatos fortes, mas que são complexos de serem apurados, é preciso ouvir as testemunhas, confrontar as versões. Eu li a postagem feita por Yasmin, vi que muitas mulheres comentaram, mas poucas vieram denunciar. Eu comentei com ela que precisava de mais denúncias, porque o suspeito parecia contumaz, mas até a sexta-feira somente as duas [Yasmin e Amália] tinham registrado denúncia”, explicou a delegada.
Ainda segundo Helena Vilela, os inquéritos devem ser concluídos em breve. O caso de Yasmin deve ser encaminhado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim), por se tratar de crimes mais brandos. “Tenho o prazo de 30 dias para concluir os dois casos a contar da data da denúncia, que foi feita no dia 18 de setembro”, concluiu a delegada.


G1
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