Número de vitimas de estupro atendidas em hospitais é maior que o de denuncias.


Imagem Ilustrativa

De janeiro a setembro deste ano, 143 mulheres acima de 18 anos de idade, que foram vítimas de estupro, receberam atendimentos nos hospitais e maternidades da Paraíba, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Somente no último domingo (24), duas relataram terem sido violentadas. No entanto, nem todos os casos registrados pelas unidades de saúde chegam às delegacias. Segundo a subcoordenadora da Delegacia de Atendimento Especializado da Mulher (Deam), Renata Matias, muitas mulheres ainda temem denunciar por medo do julgamento da sociedade.

Em João Pessoa, uma moradora de rua relatou a Polícia Militar que teria sido vítima de estupro na noite do domingo. Ela foi levada para o Instituto Cândida Vargas (ICV), no bairro de Jaguaribe, que é uma das unidades de saúde especializadas no atendimento a vítima de violência sexual.

Na manhã dessa segunda-feira (25), a diretora multiprofissional do Instituto, Lisieux Pires confirmou que a paciente estava na unidade, mas que desde a hora que chegou, na noite do domingo, continuava dormindo. “Estamos esperando ela acordar para a equipe conversar com ela e iniciar os procedimentos”, comentou, destacando que a mulher teria sido encaminhada pela Polícia Militar.

O outro caso aconteceu no município de Cacimba de Dentro, no Agreste paraibano, na madrugada do domingo. Um adolescente de 15 anos teria sido o autor do crime. A jovem estava a caminho de casa quando foi abordada por ele. Além do abuso sexual, a mulher ainda teve um corte na cabeça.

De acordo com a subcoordenadora da Delegacia de Atendimento Especializado da Mulher, Renata Matias, hoje os casos são conhecidos porque tem mais mulheres denunciando. No entanto, ainda há muito temor em denunciar por medo do julgamento das pessoas. “Muitas têm medo de denunciar porque o agressor é conhecido ou tem medo do julgamento das pessoas que podem dizer o que aquela mulher estava fazendo a tal hora em determinado local”, disse Renata, destacando a necessidade da coragem da mulher em procurar a delegacia e fazer o boletim de ocorrência.

Além do encorajamento, Renata contou que a violência sexual é um tipo de crime que não se prevê o momento que vai acontecer. “De repente você está na rua e pode ser abordada. Algumas pessoas podem reagir, outras não”, disse. A subcoordenadora acrescentou que, embora haja um trabalho de acompanhamento das vítimas, a denúncia na delegacia depende somente da vontade da mulher.

Trauma pós-violência: Quando uma mulher é vítima de uma violência a recomendação é que procure uma das unidades especializadas no Estado para atendimento, pelo menos até as 72 horas após o caso para evitar a gravidez ou infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), mas também é necessário que a mulher tenha um apoio psicológico, disponibilizado nos serviços de atendimento às vítimas de violência. O trauma pode desenvolver outros problemas como a depressão e a ansiedade. Segundo a psicóloga Marília Cláudia Dutra, o tratamento indicado nesses casos é uma terapia, já que o trauma pode não ser só o físico, mas também o emocional e pode durar um longo período. “A pessoa se sente culpada diante daquela situação. Acha que foi culpada. Alguns tipos de comentários podem fazer essa pessoa se sentir culpada. É necessário que haja o apoio da família para poder superar”, frisou.

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