No dia do doador de órgãos e tecidos, PB tem 684 pessoas na fila de espera


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O dia 27 de setembro é marcante para pelo menos 684 pessoas que esperam, na Paraíba, nas filas para receber um transplante de órgão, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Nesta quarta-feira (27), é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, processo que apresenta dois grandes “gargalos” no estado, segundo a diretora da Central de Transplantes: a identificação do potencial doador e a abertura do processo de morte encefálica.
Mais de 130 pessoas recebem transplantes na PB em nove meses
Para a diretora Gyanna Montenegro, em entrevista à TV Cabo Branco, o segundo problema apontado é de responsabilidade dos médicos intensivistas, os responsáveis pelas unidades de terapia intensiva (UTIs) dos hospitais.
“Se o paciente que está de respirador é identificado em um estado de consciência chamado de glasgow 3 [que não fala, não enxerga e nem reage a estímulos], então tem todas as condições de abrir um protocolo de morte encefálica”, disse Gyanna.
“Realmente é um processo demorado, mas tem que ser tratado como qualquer um outro”, continua. “Às vezes ele é deixado para fazer posteriormente [...], um protocolo que já devia estar aberto há 12 horas ou 24 horas. Quando o outro médico plantonista vai abrir, o paciente está numa situação que não dá mais para abrir; os órgãos estão deteriorados, a pressão arterial está muito baixa, a temperatura está alterada etc”.
Gyanna confirma: “o processo não é simples”. Para atestar a morte cerebral, são necessários “dois exames clínicos, feitos em momentos diferentes, por dois médicos diferentes, sendo um deles um neurologista. O exame precisa ter um registro gráfico para que tudo fique registrado por 20 anos e a família possa tirar qualquer dúvida”, falou.
O procedimento é necessário pois é preciso ter certeza que não há sinais vitais no cérebro do paciente e que ele está realmente morto.

Kamilla Sampaio: rim rejeitado pelo organismo
Aos 18 anos, Kamilla Sampaio descobriu que tinha um problema crônico nos rins. “Já não tinha o que fazer, os rins estavam atrofiados e passei um 1 e 11 meses na máquina [de hemodiálise, procedimento que faz o papel do rim de filtrar o sangue]”, contou.
“No começo fiquei muito debilitada”, disse Kamilla. Foram idas ao médico e vários exames até que foi constatado que seu pai era compatível e podia doar um dos órgãos para ela. Foram seis anos de alívio depois do transplante que funcionou bem. Entretanto, se não bastasse o que ela já tinha passado, o organismo rejeitou o rim doado pelo pai.
“Independente da situação, eu consigo. Vou enfrentar mais uma vez e acreditar que dias melhores virão”, diz Kamilla.
Ela, hoje, consta na lista das 333 pessoas na Paraíba que necessitam da doação de um rim. Completando os 684 que esperam na fila por um órgão, 348 necessitam transplante de córnea e uma pessoa precisa de fígado, segundo a Secretária de Estado da Saúde.


Adolfo Loreiro: há dois anos na fila
Servidor público, Adolfo Loreiro está há dois anos na fila de espera para receber um rim na Paraíba. Ele faz quatro hemodiálises por semana, cada uma com sessão de quatro horas. Adolfo não titubeia ao dizer que almeja mesmo é sair da “máquina”, mas não deixa de crer em um futuro esperançoso.
“Em primeiro lugar vem a fé”, diz Adolfo, há dois anos esperando por um rim.
Associação Estadual dos Transplantados Renais
O presidente da Associação Estadual dos Transplantados Renais também já recebeu um transplante. Carlos Roberto Lucas aponta outros dois problemas para a grande espera dos pacientes por um órgão, diferente dos levantados pela diretora da Central de Transplantes da Paraíba.
Um deles é a falta de informação das famílias que muitas vezes não autorizam a doação dos órgãos dos parentes que tiveram morte cerebral. Por outro lado, Carlos disse que também há um problema estrutural para a existência dos transplantes.
“Tem que ter pessoas capacitadas nos hospitais credenciados para que no momento da autorização da doação pelos parentes, esses médicos estejam de fato prontos e o hospital esteja pronto para realizar a captação. Esse entrave que existe tem prejudicado e muito a doação de órgãos no Estado”, afirmou.
Presidente de associação de transplantados diz que dois problemas para os transplantes na Paraíba são o despreparo dos médicos e hospitais e a desinformação das famílias de pacientes com morte cerebral.

Hospitais aptos a transplantes na Paraíba
Apenas três hospitais fazem cirurgias de transplante de órgãos na Paraíba: o Hospital Antônio Targino, em Campina Grande, e os hospitais da Unimed e Nossa Senhora das Neves (HNSN), em João Pessoa. Para ser submetido a um transplante, o paciente deve estar inscrito na lista única de transplante do Sistema Nacional de Transplante (SNT) e vinculado a um serviço transplantador.
Os hospitais privados que realizam os transplantes de órgãos são pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar o procedimento.
Além do trâmite burocrático, o paciente passa por várias avaliações multiprofissionais para receber o transplante. Em geral, essa avaliação dura em torno de três meses até que a cirurgia seja realizada.

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