Família de vítimas de chacina pede ao MPF o envio à Justiça da Espanha de provas colhidas no Brasil


Marcos Nogueira, Janaína Américo e os dois filhos do casal foram encontrados mortos na Espanha em setembro de 2016 (Foto: Reprodução/Facebook/Janaina Diniz Diniz)

Quase seis meses após a justiça da Espanha ter autorizado o uso das provas materiais colhidas pelas autoridades brasileiras no processo de François Patrick Gouveia, réu confesso da chacina da família paraibana em Pioz, parentes das vítimas ainda lutam pelo envio das provas. Walfran Campos, irmão do pai da família morta e tio do assassino confesso, recorreu ao Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba para que seja realizado o envio. O pedido foi feito ao MPF no dia 21 de setembro, mas só foi divulgado nesta quarta-feira (27).
De acordo com Walfran Campos, o pedido do envio do tênis, do cartão de memória do celular e do notebook de Patrick Gouveia foi feito em março, embora a autorização da justiça espanhola só tenha saído em abril deste ano. Ele explica que o atraso no envio prejudica a celeridade do julgamento do jovem, que confessou ter matado o tio, a esposa dele e os dois primos.
“A nossa previsão era de que o julgamento de Patrick acontecesse ainda neste ano, porque não é comum na Espanha passar mais de um ano para um réu confesso ir a julgamento”, comentou Walfran.
Janaína Américo, Marcos Campos Nogueira e os filhos do casal, de 1 e 4 anos, foram encontrados mortos e esquartejados em um chalé na cidade espanhola de Pioz em 18 de setembro do ano passado, cerca de um mês após o crime.
Patrick Gouveia, sobrinho de Marcos, se entregou à polícia da Espanha e confessou o crime em 19 de outubro. Ele segue preso até esta quarta-feira no complexo penitenciário de Estremera, na Espanha. As urnas com as cinzas da família chegaram em João Pessoa em 10 de janeiro, quatro meses depois, quando as vítimas foram enterradas. Um ano depois do crime, a família das vítimas e do assassino confesso ainda sofre com o episódio.

Provas 'cobrem' brechas do processo
O novo conjunto de provas, de acordo com Alberto Martin Garcia, advogado da família Campos Nogueira na Espanha, é fundamental para evitar que a defesa de Patrick Gouveia encontre brechas que atenuem a pena. “Fizemos um novo contato com o juiz do caso em agosto e até o início do mês passado ainda não havia sido reportado nada por parte das autoridades brasileiras sobre o envio das provas recolhidas no Brasil”, explicou.
Walfran Campos pediu que MPF interceda na agilidade do envio das provas para justiça espanhola (Foto: André Resende/G1) Walfran Campos pediu que MPF interceda na agilidade do envio das provas para justiça espanhola (Foto: André Resende/G1)
Walfran Campos pediu que MPF interceda na agilidade do envio das provas para justiça espanhola (Foto: André Resende/G1)
Walfran Campos acredita que o material colhido na investigação por parte da polícia espanhola seja suficiente para condenar Patrick à prisão permanente revisável. Mas, segundo ele, o objetivo com o material recolhido pelas polícias federal e civil na Paraíba é encontrar vestígios que indiquem que o jovem informou algumas pessoas sobre o crime com antecedência.
Entre essas pessoas está Marvin Henriques Correia, denunciado como partícipe em um processo na Paraíba por dar dicas a Patrick sobre a chacina pelo WhatsApp.
“Mesmo após todo esse tempo, acreditamos que as conversas podem indicar que mais alguém, além de Patrick, sabia do planejamento do crime. Por isso é muito importante que o material que está sob poder das autoridades brasileiras sejam enviadas para a Espanha”, completou Walfran Campos.

Em visita na segunda-feira (25) à casa da família Campos Nogueira, o embaixador da Espanha, Fernando Villalonga, chegou a declarar à imprensa que “acredita que a justiça seja feita no Brasil [no caso de Marvin], assim como está sendo feita na Espanha”.
Na ocasião o embaixador e o cônsul da Espanha para o Nordeste, Gonzalo Fournier, prestaram solidariedade às famílias de Marcos e Janaína Nogueira. Os dois representantes garantiram que as autoridades espanholas estão trabalhando de forma firme no caso, mas não informaram quando deve acontecer o júri de Patrick.

Na época da autorização da justiça da Espanha para a inclusão das novas provas, o advogado de Marvin, Sheyner Asfora, explicou que a defesa acompanhava o envio do material para justiça espanhola com tranquilidade. O advogado reforçou que a ação de Marvin não tem relevância penal, nem para acusação, nem para condenação. "Eu não tive acesso a essa decisão da justiça espanhola, mas estamos muito tranquilos, pois como está se apurando lá na Espanha, o próprio Patrick assumiu a autoria de todos os crimes. Foi taxativo em afirmar que fez tudo só", comentou à época.
Marvin à espera de julgamento
Enquanto o processo de Patrick Gouveia segue parado à espera das provas recolhidas no Brasil, o caso de Marvin Correia no Tribunal de Justiça da Paraíba segue o mesmo rito. Desde que a promotoria de Justiça solicitou um atestado psicológico do acusado de participar da chacina da família paraibana na Espanha.

De acordo com a promotoria, o teste de sanidade mental solicitado em maio deste ano teve o andamento prejudicado porque os psicólogos que poderiam fazer o exame eram amigos da mãe de Marvin, também psicóloga.
“A promotoria de justiça tem feito um trabalho muito cuidadoso na Paraíba. A família de Janaína, por meio do irmão dela, George, também tem ajudado no caso com um advogado de acusação. Sabemos das dificuldades do processo, mas estamos confiantes que a justiça está perto de ser feita na Paraíba e na Espanha”, concluiu Walfran Campos.




G1

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