'Campina Grande é meu xodó', diz primeiro mototaxista da cidade

“Eu não quero sair de Campina Grande nunca. Vou me aposentar um dia e ficar por aqui. Campina Grande é meu xodó. Só saio daqui quando Deus me levar”. As palavras são de Sebastião Costa, 51 anos, morador do bairro Bodocongó, em Campina Grande. Ele é o mototaxista de cadastro 001, o primeiro da cidade, e há 19 anos trafega todos os dias pelas ruas e avenidas da Rainha da Borborema. Cidade onde formou família e construiu a vida comemora 152 anos nesta terça-feira (11). Para Sebastião, Campina é um amor inseparável.
Sebastião nasceu em Pocinhos, no Agreste paraibano, mas se mudou para Campina Grande aos 18 anos, depois que desistiu do ensino médio ainda no primeiro ano. A mudança veio com a necessidade de conseguir um emprego para se sustentar. Ele foi para a casa de um irmão, provisoriamente, e conseguiu um emprego em uma prestadora de serviços gerais, como segurança de padaria e porteiro de condomínio. Mas, foi em cima de duas rodas que ele se encontrou na profissão e se apaixonou por Campina Grande.
O primeiro mototaxista de Campina Grande começou a exercer a profissão, antes mesmo do serviço ser regulamentado na cidade, atuado de maneira clandestina. “Eu estava desempregado, tinha uma moto e comecei rodar pela cidade fazendo corridas, foi quando depois de uns 3 anos lançaram o edital pela STTP (Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos). Nessa época eu já tinha tudo certinho”
Consegui o cadastro 001 contou com um pouco de sorte para o mototaxista. Ao passar por uma licitação e seleção, Sebastião Costa acabou não entrando nas vagas destinadas pelo primeiro edital e ficou na espera, como suplente. “Depois de um tempo me procuraram, pois um dos mototaxistas que tinha sido selecionado desistiu da carreira e entregou o cadastro. Só depois que fui ver que se tratava do 001, meu cadastro”, disse ele.
Em Campina Grande, o zero um, como é mais conhecido Sebastião, é querido pelos companheiros de profissão e clientes, sendo visto como um exemplo de determinação, trabalhando na função mesmo aos 51 anos. “Não vou dizer que é fácil. Tem muita gente irresponsável no trânsito. O sol quente e a chuva também nos castigam. É uma luta todo dia”, disse ele.

Família
A vida de Sebastião, em Campina Grande, divide momentos bons em ruins. Na cidade ele conheceu a esposa dele, teve um filho. Sobre a esposa, Sebastião não quis falar. Ela morreu de câncer após 8 anos de casamento, quando ele tinha 37 anos.
Desde então, não buscou novos relacionamentos e criou o filho, que hoje tem 19 anos, sozinho. Depois meus pais e irmãos morreram. Hoje sou eu e meu filho. Nesse sentido eu sofri muito, mas nunca desisti de viver”, destaca o mototaxista.
Mudanças na cidade
Passando pelas ruas de Campina Grande, Sebastião foi conhecendo a cidade e acompanhando seu crescimento,  “Quando a gente começou a rodar de mototáxi em Campina Grande era muito desconfortável o calçamento. Andava em muitas ruas esburacadas e a cidade foi se atualizando aos poucos melhorando. Hoje a gente roda e uma cidade totalmente transformada. Uma cidade com asfalto, de grandes avenidas. Uma cidade que melhorou muito a qualidade de vida para a população.
Se por um lado a cidade melhorou em estrutura de ruas, por outro o trânsito ficou mais complicado. “Em relação a antigamente, hoje o trânsito é um caos. Hoje é muito mais tumultuado, muito mais perigoso. A cidade cresceu muito, a população e o número de carros também. Hoje se tem uma facilidade muito grande de comprar carro, aí o inchaço [no trânsito] é muito grande”, disse ele.
Passado de Campina
Com o passar dos anos e gerações, Campina Grande passou por mudanças. Coisas que para Sebastião são motivos de saudade. “Quando eu era mais novo, existia o Cine Capitólio e eu me lembro que ia assistir filme lá. Hoje o cinema não funciona mais, é abandonado. Tinha também o Cine Babilônia. A cidade era bem movimentada com isso. Outra coisa que faz falta é a tranquilidade. Hoje têm muitos assaltos. Já fui roubado várias vezes”, destaca o mototaxista.
Belezas
Mesmo com a correria do trabalho, Sebastião sempre arruma um tempo para apreciar as belezas de Campina Grande. “Um ponto que eu acho bonito é o Açude Velho com o monumento novo do aniversário de 150 anos de Campina Grande. Quando eu passo [de moto] eu faço questão de olhar e admiro a obra. Mudou muito, em relação ao passado. Existia apenas o açude e a avenida passando ao lado. Hoje tem o monumento de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, o Museu dos Três Padeiros. É bonito mesmo. Quando eu pego corrido com turistas, alguns pedem pra parar e tirar uma foto”, disse ele.
Amor inseparável
Mesmo com algumas mudanças negativas e até problemas, como crise hídrica, Sebastião é fiel a Campina Grande e reforça que quer viver sempre nesta cidade. “Hoje eu não me afasto de Campina Grande. Eu gosto muito da cidade. Mesmo com essa crise de água se aproximando, eu não pretendo sair de Campina. Qualquer coisa eu vou driblando os problemas que vier pela frente, mas não saio de Campina não”, finalizou Sebastião.

Fonte:G1
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