Jovem diz ter sofrido ataque homofóbico em JP e que polícia foi omissa; PM apura

Dois estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foram agredidos verbal e fisicamente em um bar no bairro Castelo Branco, em João Pessoa, próximo ao campus da instituição. A violência aconteceu na madrugada do sábado (13) e teria tido motivação homofóbica.

Ao Portal Correio, uma das vítimas, um jovem de 24 anos, relatou que a agressão começou quando ele beijou um parceiro. Num primeiro momento, houve insultos e ameaças. Depois, os agressores partiram para a violência física.

“Um cara se aproximou e começou a nos insultar, dizer que aquilo não poderia estar acontecendo, que era errado o nosso beijo, enfim um discurso de muito ódio. Tentamos conversar, desconstruir o argumento dele, dizer que a nossa vida só diz respeito a nós mesmos. Mas ele estava bem irritado e começou a bater no rapaz que estava comigo. Depois um amigo dele se aproximou e bateu em mim. Nós não conseguimos reagir, levamos vários socos. O rapaz que estava comigo mais ainda”, contou o estudante.

A vítima contou também que os agressores ameaçaram bater ainda mais no casal e, por esse motivo, o parceiro dele decidiu ir para casa. “Ele estava bastante ferido e abalado com a situação e foi para a residência universitária. Eu fiquei com um grupo de amigos e acionei a polícia, mas quando a viatura chegou os agressores já tinham ido embora. Os policiais disseram para eu deixar o caso para lá, pois eles não podiam fazer nada por mim”, lembrou.  

O estudante seguiu com os amigos para outro bar, que fica ao lado do estabelecimento onde ocorreu o crime. “Algum tempo depois uma garota que tinha testemunhado a agressão e viu que eu fui para o bar ao lado foi me procurar para dizer que um dos agressores tinha voltado, como se nada tivesse acontecido. Daí chamamos a polícia novamente”.

A situação, no entanto, não se resolveu da forma como a vítima esperava: “Quando a polícia chegou o agressor tentou colocar a culpa em mim e no meu parceiro, dizendo que nós tínhamos começado a briga. O dono do bar, que não presenciou o fato, ficou do lado do cara. Mas surpresa maior eu tive com os policiais, que passaram cerca de uma hora questionando se eu queria mesmo levar o caso para a delegacia. Eu senti que eles estavam fazendo pouco caso da situação, possivelmente por ser algo envolvendo homofobia. Eu fiquei revoltado, pois é claro que eu queria denunciar. Eu tinha apanhado, meu parceiro tinha apanhado. Não fazia sentido aquele questionamento”, criticou.

Todos na delegacia

Ainda conforme o jovem, os militares acabaram concordando em levar agressor, vítima e testemunha para a Central de Flagrantes. De acordo com a delegada Juvanira Linhares, uma das plantonistas naquela madrugada, foi instaurado inquérito sobre o caso, que agora será acompanhado pela Justiça. Vítima e agressor serão chamados para audiência em data fixada por um juiz do fórum competente.

“Vou cobrar para que justiça seja feita. O que aconteceu foi absurdo, foi grave e não pode ficar impune. Essa foi uma das primeiras coisas que pensei ainda no bar, mesmo ferido e abalado: ‘Esses caras precisam ser fichados, não posso ficar sem fazer nada’”, pontuou a vítima, ao ressaltar que o agressor levado para a Central de Flagrantes não informou nome e localização do comparsa. “Quem foi para a delegacia foi o homem que bateu no meu parceiro, o que me agrediu não voltou para o bar, então não foi pego. Mas eu seria capaz de reconhecê-lo caso o visse novamente”, completa.

Apuração na PM

Procurada pelo Portal Correio, a Polícia Militar solicitou, por meio da assessoria de comunicação, que a vítima ouvida pela reportagem compareça à Ouvidoria da Polícia Militar para denunciar o caso. “A partir das declarações, a PM irá apurar os fatos e, caso constatada a conduta inadequada da guarnição, ela será responsabilizada administrativa e penalmente”, diz nota oficial enviada à redação.

Repercussão

O caso já repercute bastante nas redes sociais. Um amigo do estudante ouvido pelo Portal Correio divulgou o ocorrido em um grupo no Facebook para discussão de temas ligados à Universidade Federal da Paraíba. Até a publicação desta matéria, a postagem já tinha recebido mais de 400 interações, entre reações, comentários e compartilhamentos. Os internautas lamentaram o ódio contra a comunidade LGBT, cobraram justiça e incentivaram boicote ao bar onde ocorreram as agressões. 

Fonte:Portal Coreio
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