Ao Estupro, a dor...

Não há palavras que descrevam o que significa agredir o corpo e a alma de outrem. Não há justificativa para acolher a quem denomina instinto tamanha aberração. Não há biologia que explique essa condição humana. Ao estupro, apenas dor.

A adolescente de 16 anos que recentemente foi estuprada por 33 homens por muitos está sendo lembrada como a garota que aos 13 anos foi mãe e que constantemente fazia visitas a comunidades para uso de drogas e noitadas. Se existe verdade nas afirmações não se sabe, mas o que está nítido aos nossos olhos é o enorme preconceito e difamação alicerçado na mulher até a atualidade. Não importa se é virgem, não importa se é puta, importa ser mulher para criar condicionantes que outorguem o direito a tamanha violação.

A construção do ideário feminino é cultural e midiático. O que se propaga é o que pode e o que não deve, como se estivéssemos o tempo todo alijados em um mundo em que o mais forte é aquele que denigre e agride. O salve-se quem puder dos tempos hodiernos cria e recria personagens de gênero, em que o homem brutamontes supera a docilidade feminina, neste sentido, se a mulher deve se preservar, porque caminhar em lugar considerado hostil? Ela deve ter procurado por isso... Como não procurar por um estupro em que 33 homens abusam de você das piores formas imagináveis e inimagináveis? Parece que aos olhos da sociedade, só ecoa o grito dos familiares, o resto é o resto. Não desejo mal, mas também não desejo o bem, tanto faz....

Nessa construção do individualismo que estamos vivenciando ainda temos que nos deparar com as aberrações da internet. Se por um lado, as redes sociais criam espaços de socialização do bem, por outro cria “monstrinhos” que sentem a etérea necessidade de vomitar frases anormais de cunho pejorativo contra a vítima sim, pois a vítima é mulher, e na sociedade do espetáculo, sua apresentação deve ser simplória, contida, amena quase insípida.

A brutal realidade é que vários são os estupros protagonizados no cotidiano. A agressão física, verbal e psicológica persistem a cada timidez feminina, ao calar-se, ao não se encorajar em vestir o que quer e ser como quer, em frear seus institutos para não ser taxada de puta, em não poder levantar a voz porque não manda, em ter que se inspirar em moldes recatados e do lar para ser a esposa e mulher de família, por não se sentir liberta ainda que simbolicamente seja livre. 




*Amanda Cristina Souza




*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, Poetisa nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.

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