QUANDO O FALO VIROU “ROLA”...

A incrível repetição de palavrões com conotação sexual impera como forma de resposta e contraposição. Embora saibamos que essa repetição já se constitui como algo “natural”, entre seus praticantes, a justificativa de que tudo se resolve com “rola” ainda é constante entre os adeptos dessa “teoria”.

A “rola” parece ser a resolução de todos os problemas: se você é mulher e foge aos padrões estabelecidos de candura e delicadeza, sem dúvidas só pode ser falta de “rola”. 

Se você leitor, briga constantemente por questões sociais, e é a favor do respeito à igualdade e diversidade, é porque ainda não conheceu o “super rola”. E ainda, se você simplesmente não se sente obrigada a nada, é também com certeza a falta da dita cuja. Pois bem: o que fazer em um mundo sem “rola”?

O órgão genital, assim como tudo que conota algo masculino parece ser a solução para todos os problemas. Não obstante, a história reflete a opressão feminina em detrimento a força e virilidade masculina. Sempre no papel de frágil e dócil, a mulher necessitava de adereços masculinos para se constituir uma mulher protegida e amparada socialmente.

A ideia de que a “rola” resolve problemas é justamente dessa perspectiva de que o homem é o centro de tudo e que sem ele não há soluções. A superioridade masculina seria a forma de atenuar essas pequenas fragilidades femininas, de anseio, posicionamento crítico, arrogância.  O “tá precisando é de homem” dito também por mulheres é a reprodução dessa superioridade masculina inexistente.

Nos últimos dias, o depoimento do jornalista Ricardo Boechat teve repercussão na mídia e redes sociais. Ofendido, não deu outra: “rola”, ele precisa é de “rola”. Como vimos, tudo se resolve com “rola” tanto para os de sexo feminino quanto para os de sexo masculino. É uma verdadeira algazarra. A resposta deixa de ter impacto para ser questionável: Porque alguém necessita tanto de “rola”?

Retirando as razões para a discussão entre o jornalista Boechat e o Pastor Silas Malafaia, o que vemos é a reprodução de estigmas sociais. Essa reprodução ocorre mesmo quando tentamos nos justificar, nos defender. Deve ser por isso, que a frase “a melhor defesa é o ataque”, reverbera em forma de “rola”. 





*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, Poetisa nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.


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