Então, é Natal. E o que você fez ?

Então é natal, e o que você fez ? É caros leitores parece que a fatura de 2014 chegou e imperiosamente pede que ajustemos as contas com o passado para ver se teremos créditos para o futuro. Eternos devedores, segundo a filosofia cristã que coloca o sacrifício do primogênito do Pai para a salvação da humanidade como uma conta impagável,no máximo uma amortização com muita oração, recolhimento e introspecção. É assim que nós sentimos a opressão da cobrança psicológica, social, cultural e coletiva de sermos de acordo com modelos sociais esteriótipados e nunca nós mesmos.

Surge então a necessidade de resolvermos nessas duas últimas semanas, os outros doze meses passados. Precisamos voltar a nos sentir queridos por todos, precisamos presentear para afirmarmos nossos desprendimento e solidariedade, e sermos presenteados para sentirmos aceitos e queridos, é uma feroz briga entre os níveis serotoninicos e o fantasma da depressão. Nunca nos sentimos verdadeiramente bons para nós e para quem nos rodeia até mesmo para quem não nos rodeia, o panopticismo social, sempre nos vigia.

Nessa época, as pessoas correm pra consumir na tentativa de se creditar para o ano que se aproxima. Existem dois tipos de shoppings e lojas, o da ALMA e o do CORPO no da ALMA, observamos pessoas “tristes” procurando amor nas araras, fé em prateleiras, verdade em vitrines, esperança em cabide e aceitação nos olhares das pessoas, um olhar de aprovação, pode ser a salvação do dia e recuperação da autoestima. No segundo, observamos pessoas “alegres” relacionando o capital ao espiritual, quanto mais rico, mas feliz.

Mas, nesses shoppings e lojas só compramos o material, tablets, smartphones que se reconfiguram a cada dia reconfigurando a mente consumista, sapatos, tv´s muito maiores que a própria sala, roupas de marcas ou não que mesmo não sendo necessárias, precisam ser consumidas, é a busca do “equilíbrio”. As bebidas importadas nas mãos do infeliz consumidor oferece um exercício semiótico do dizer “Meu troféu” e os gritos: “Esse meu ‘tender’ é da Sadia”, atesta o grau de ignorância do consumidor de marcas e não de produtos.

O shopping da alma oferece outros produtos importantes, mas nunca acabados e embrulhados, são vendidos em pequenos potinhos ou sacos aromáticos, são na verdade sementes, embriões, que devemos plantar regar, cuidar, aquecer no frio e refrescar no calor, destinar um tempo a esse cultivo, adubar com tudo que nos faz humano, solidariedade, companheirismo, misericórdia, compaixão e a capacidade de se colocar no lugar do irmão.

Então amigo o que você fez? Fica a sugestão de dosar as suas compras nesse ano, compre sim uma roupa bonita, um sapato novo, gadgets que acredite precisar, presenteie os seus amigos e amores, mas não esqueça de investir em amor, fé, paciência e esperança, talvez esses sejam os eternos brinquedos que você tinha quando criança e que a dureza da vida sepultou em algum lugar do seu coração, deixe que eles aflorem, eles sempre existiram, portanto ainda devem estar aí. Então é natal, e eu sei o que você fez.

*Amanda Cristina Souza




*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, Poetisa nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.







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