REPROVADO: Exame Reprova 89% de Médicos Formados no Ensino Cubano

BRASÍLIA De cada nove médicos formados em Cuba, cubanos ou não, que tentaram revalidar seu diploma no Brasil, apenas um conseguiu passar pelo exame em 2012. Foram 182 inscritos no Revalida, exame pelo qual os formados no exterior precisam passar, mas apenas 20 aprovados (10,9%). Os números são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e foram usados ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para rechaçar medidas que facilitem a contratação de médicos formados no exterior. Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o governo brasileiro poderá trazer seis mil médicos de Cuba para minimizar o déficit desses profissionais no país, principalmente nas regiões mais carentes.

Ontem, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, descartou algumas medidas, como a revalidação automática do diploma e a atração de médicos de países em que esses profissionais sejam mais escassos do que aqui, como é o caso da Bolívia e do Paraguai. Mas voltou a defender a vinda de médicos estrangeiros ao Brasil como forma de suprir a carência de profissionais. Segundo ele, países desenvolvidos têm políticas de atração de médicos formados no exterior - no Reino Unido, por exemplo, eles seriam 40% do total. No Brasil, disse Padilha, apenas 1% dos médicos veio de outros países.

O ministro chamou atenção em especial para Espanha e Portugal, países que passam por uma grave crise econômica, com alto desemprego, e que já estavam na mira do governo como possível fonte de médicos. Padilha disse que concorda quando o CFM prega a necessidade de ter médicos com qualidade. Mas destacou que o Brasil não pode ficar preso a tabus.

- Não vamos deixar serem transformadas em tabu, como foram transformadas ao longo dos anos, duas questões. A primeira: dizer que no Brasil há muitos médicos. Faltam médicos no Brasil e faltam mais médicos perto da população. E segundo: em outros países não é tabu ter políticas de atração de médicos estrangeiros, e não permitiremos que seja tabu no Brasil. Não vamos ficar assistindo a Portugal e Espanha com a taxa de desemprego que têm hoje, sem poder pensar em alternativas de trazer médicos para o Brasil - disse Padilha.

Cuba foi o segundo país com maior número de médicos formados inscritos no Revalida nos últimos dois anos, ficando atrás apenas da Bolívia. O desempenho dos médicos formados no país vizinho foi ainda pior: de 411 que tentaram no ano passado, apenas 15 passaram, ou 3,65% do total. O presidente em exercício do CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, atacou duramente ontem a qualidade da formação de médicos em Cuba.

- Sempre existiu e continua existindo uma propaganda falaciosa, enganosa, de caráter ideológico e político, mas totalmente inconsistente. E falamos isso não porque estamos baseados em conceitos ou informações de terceiros. O CFM esteve em Cuba em 2002 e 2003, fez toda uma avaliação, e o status quo não mudou até hoje - afirmou Vital. - Não há formação e não há Medicina no nível que está sendo propagandeado em Cuba.

Em 2012, os percentuais de aprovação no Revalida de médicos com diploma da Espanha e de Portugal também foram baixos, 19,23% e 37,5%, respectivamente. Mas, segundo o próprio CFM, não é possível fazer uma avaliação geral da qualidade dos formados nesses dois países, uma vez que o número de médicos que se submeteram ao Revalida foi baixo e, portanto, insuficiente para tirar conclusões.

A professora livre-docente da Universidade de São Paulo (USP) Laura Feuerwerker, especialista em Saúde Pública, lembra que a base do sistema de Saúde de Cuba é o serviço de atendimento primário, o que tornou o país uma das referências nessa área. Nos últimos anos, segundo ela, Portugal e Espanha também têm ganhado destaque nessa área:

- Há países no mundo que apostam na atenção primária, atenção básica, como o lugar mais importante do sistema de Saúde, que constrói um vínculo, uma relação importante com o paciente. No caso do Brasil, para a vinda de profissionais, há a questão da língua, obstáculo que pode ser superado.

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